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Grávida no ensino médio

Aos 15, Larissa descobriu que teria um filho. Para conseguir ficar mais tempo com ele, mudou de escola 

Fotos: acervo pessoal

Larissa destaca que seu maior desafio “foi a responsabilidade de ter que cuidar e criar”

A transição da puberdade até a fase adulta é marcada por diversas modificações biológicas, psicológicas e sociais. Para as mulheres, quando a gravidez ocorre nesse período, as mudanças são ainda mais intensas. Sentimentos como a fragilidade, insegurança e vergonha acabam se tornando comum entre as adolescentes, como mostra o artigo Conflitos vivenciados pelas adolescentes com a descoberta da gravidez (de Thereza Moreira, Danielle Viana, Maria Veraci Queiroz e Maria Salete Jorge). Para Larissa Silva, que tinha 15 anos quando teve seu filho, Pedro Miguel, tudo isso foi real.

Larissa estava terminando o primeiro ano do ensino médio em 2015, na Escola de Referência em Ensino Médio Maria Auxiliadora Liberato, localizada em Caruaru-PE, quando soube da sua gravidez. Mesmo passando um período afastada da escola por meio da licença maternidade, ela nunca pensou em abandonar os estudos. Mas, para concluir, trocou de escola no terceiro ano, pois a carga horaria do Maria Auxiliadora era muito extensa. Enquanto frequentava aulas, ela contou com ajuda da sua família. “A minha mãe ficava com Pedro quando eu ia estudar e meu parceiro, Ramon,  me ajudava muito” diz.

Hoje, aos 18 anos, ela mora com o filho e o marido, algo raro entre os casais de estudantes. “Agora que eu terminei, também não estudo mais. Pelo compromisso que eu tenho de cuidar dele e de cuidar da minha casa.” Ela fala que nunca pensou em colocar seu filho numa creche ou hotelzinho. Prefere matricular a criança numa escola quanto atingir a idade para frequentar o ensino infantil (dos 4 aos 5 anos). Com a jovem, percebemos que comportamentos relacionados a um passado mais conservador são também comuns nos dias atuais.

Apesar da gravidez na adolescência ser o principal fator de evasão escolar, a escola Maria Auxiliadora não traz nenhum projeto de conscientização para os jovens. Segundo a coordenadora da escola, Paula Cleoníce, no máximo há orientações sobre alimentação e cuidados de saúde voltado as meninas grávidas.

Texto: Daniele Leite

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