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Ser mãe não é abdicar de si

Desde a descoberta da gravidez de sua filha Analú, Heloísa ressignifica a cada dia a vida 

Fotos: Sérgio Lucas

Mãe aos 21 anos, a jovem conta com o apoio da família para cuidar da criança 

Amor e sacrifício são algumas das primeiras palavras quando o assunto é maternidade. E, quando se nasce mulher, você é ensinada desde cedo a conjugá-las, a amar seus filhos - inclusive aqueles que você nem teve -, a se dedicar integralmente. Heloísa Lucas, 23 anos, universitária, tende a fugir dessa regra. Ela ama incondicionalmente sua filha, Analú, mas sabe que a maternidade não é um sacrifício ou uma abdicação de si. Essa não é uma história sobre maternidades, essa é uma história sobre a maternidade de Heloísa.

Assim como muito jovens quando terminam o ensino médio, ela não sabia qual carreira seguir. Precisou tomar um tempo para si, e durante três anos, ponderou se iria para o curso de psicologia ou gastronomia, este um plano B. Enquanto ela se debruçava sobre os estudos, teria uma surpresa: estava grávida. Surpreendida com a notícia, Heloísa trata esse momento com “frustrante”.“Eu me desesperei, afinal só tinha 21 anos de idade e não tava pronta para aquilo”. A jovem afirma que quando, finalmente, tinha encontrado um rumo, teve que mudar drasticamente seus planos. Foi cursar gastronomia, mesmo não sendo sua primeira opção, mas era o que lhe permitia estar perto de sua filha. Também conseguia assim ajudar o marido, Magno Freire, de 30 anos, que possui um restaurante próximo à casa do casal. "Tenho que pensar o que é melhor para minha filha já que sou o plano A dela, sempre."

Heloísa afirma que é difícil ser mãe,  cuidar de uma outra pessoa que depende integralmente dela, e manter-se saudável. “Chega ser cansativo, ao ponto de você querer fugir, mais aí você percebe que só vai se levar ela (risos). Chega a ser uma piada”. Mesmo assim, ela não cogita a ideia de colocar a filha em uma creche ou hotelzinho “Acho muito drástico já que minha filha tem apenas um ano. Eu sou uma pessoa desconfiada, não me sentiria bem em saber que ela pode ser maltratada e eu nunca chegar a saber” (nota: em nenhum dos depoimentos ouvidos nesta reportagem, mães ou pais falaram de maus tratos nestes espaços).  A jovem pretende colocar a menina na escola só a partir do aniversário de três anos. Enquanto isso, vai tocando curso, trabalho e maternidade.  A sua própria forma de gerir sua maternidade.

Texto: Rayanne Elisã

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